terça-feira, 13 de julho de 2010

Oceano Pacífico, dezembro de 2009


Querido Sabiá,

Já nem te conto as maluquices deste mundo que tenho visto. A cada dia que acordo tenho a sensação de que o mundo esteja encolhendo e engolindo esta ilha esplendorosa de pouquinhos. Quero que saiba que desde que cheguei sinto tua falta. Tantas são as horas que espero para confessar a ti minhas impressões desta nova vida.

Essa época do ano também não ajuda. Você me conhece, sabe o quão sentimental posso ser perto de fogos de artifício e umas lágrimas esperançosas. Fiz tantos pedidos relacionados ao teu bonito nome. Fiz tantos votos de continuar a respirar viva nesse caminho maluco que me espera.

Sabiá, o que há de errado com esses outros? O que há de errado comigo? Penso que só você, após uma longa sessão de análise psicológica dos personagens poderia responder. Andam todos tão à toa com a vida. Logo ela, meu Deus, tão sugestiva e brilhante ao lado do sol que insiste em nos iluminar todos os dias aqui. Passam por ela sem nem saber como estão por aqui ou se querem continuar. Acho ser a única diferente também – penso receosamente se não estou a ficar louca, Deus me livre deste mal familiar – mas não quero mudar.

Céus, nem os afagos de carinho essas almas parecem entender. Quando falo de meu mestre, o querido Quintana, me olham como se não pertencesse a esta órbita. Quão louco pode ser alguém que tem aversão à poesia? E logo perto de mim, aquela que vive pela poética, não importando a métrica, desde que tenha verdade.

Sinto tanta falta de ti, Sabiá. Minhas palavras já não conseguem encorpar a falta que tu fazes. Queria tanto poder exercitar meu egoísmo e colocar você dentro daquela caixinha que te deixei de aniversário e te carregar pra cima e para baixo comigo. De preferência perto do meu peito caloroso, só assim saberias como ele – ainda – bate fortíssimo quando estas por perto.

Espero que não tenha te cansado com tantos altos e baixos de considerações.

Te espero em breve.


Com carinho,

Sua flor.

Um comentário:

Vitor Andrade disse...

Um gosto de saudade e solidão. E eu mal sei dizer porque! Engraçado, que ainda essa semana pensei em te dizer (e só lembrei agora), que ainda que uma certa distância nos afaste, me esinto bem em tê-la por aqui. Em casa. Fincando raízes. Florescendo. Lá, e aqui dentro.
Te amo, minha amiga.