domingo, 14 de junho de 2009

Lado direito

Ele dizia que não tinha medo nenhum de tentar. De seguir em frente, de deixar ‘ela’ de lado. ‘Ela’, a antiga-atual-e-sempre-ex-namorada. Ela, a só então ‘amiga’, se conformava com os dias que passavam a giz, ali, naquela varanda. Os dias eram sempre tão longos, tão cheio de sorrisos. Quando ela ouvia o som da campainha, sabia já de praxe, que a tarde seria toda colorida.
Ele continuava dizendo que se tivesse que arriscar, arriscaria mesmo. Dizia que não deixaria uma “boa” oportunidade passar. E isso, não era só relacionado as “mulheres” que viriam na vida dele. Ela entendia que as oportunidades que ele tanto citava durante suas conversas, eram direcionadas aos sonhos, que nele nasciam com a força total de um manifesto em plena revolução, e que ele insistia em esconder atrás daquela mal-feita máscara de durão.
As férias batiam a porta, como toda chuva de verão que demora a passar. O tempo deles estava acabando, e no fundo, os dois sentiam aquilo. Foram abraços de verão, sorrisos pro mar e músicas baseadas só em refrão. E ela teve que viajar. O tempo passou novamente. Ele não dava notícias. Ela sabia, no fundo, que por trás do silencio ainda existia uma base forte em harmonia. Um dia o telefone tocou. Não era ele. Eram só notícias vazias dele. Ele andava bem, sempre em companhia daquele pendular relacionamento novo-e-antigo. Ela se deixava alimentar pela saudade. A distância não incomodava mais que as cenas já presenciadas tantas vezes, quando o ‘casal’ resolvia se conciliar, e ela, sempre de longe, era obrigada a assistir e sorrir. Eles eram chamados de ‘melhores amigos’.
Ela voltou, e ele vibrou. Falou horas das saudades, das boas novas, e das ‘candidatas’ que haviam se acolhido ali, enquanto ela estava fora. As provocações faziam parte. Ela entendia o riso irônico. Ele sabia que aquela cara era de briga. Os dois se entendiam como a água e o óleo, nunca se misturando, mas sabendo a temperatura ideal para o conforto um do outro.
A vida os separou. Cada um pro seu lado. Felizes natal e ano-novo chegam sempre via e-mail. As fotos antigas continuam na caixa de madeira no fundo do armário. As cartas, escritas só em datas especiais, ainda guardam em remetente o nome dela na gaveta do computador.
Depois que os riscos passaram e que ele já não teme mais tentar, ambos sabem, que o que faltou pra eternizar a mistura heterogênea de momentos excêntricos foi o beijo, que ele insistiu em não concretizar
.

2 comentários:

Marília disse...

é do medo de tentar quue escoam pelo ralo as melhores oportunidades...

no mais, "PUTA QUE PARIU!"
hahaha
saudaade, parente!

Larissa disse...

Talvez se esse beijo tivesse acontecido..
Adorei o texto, Jêu.

Beijo :*