Despedidas não
costumam ser fáceis. Pra mim, elas têm um peso ainda maior, acho. Sempre
encarei esses momentos de frente me permitindo chorar até secar o coração ou permanecer
em silêncio por horas a fio a partir do momento em que o avião levantava voo e
não fazia caminho de volta. Sei que existem pessoas mais brandas. Que não se
derramam tanto. Respeito. Chego a ter até uma certa admiração ínfima, assumo.
Mas não trocaria minhas mil sensações.
O fato é que
elas - as despedidas - têm sido recorrentes nos últimos tempos. Seja entrelinhas
naquele texto que o alvo provavelmente nunca lerá ou em um adeus com direito a
fila de abraços, desejando bons fluídos em um novo caminho. E parei pra pensar no
que fazer com as despedidas que se foram e com as tantas que ainda virão.
Nostalgia afincada faz mal. Te prende no passado. Saudade em momento frágil
também é perigoso. Dá uma mordida e depois sai da sala sem nem assoprar.
Pois o que
fazer? Na lista dos desejos, espero que os momentos bons se salvem coloridos.
Que o aprendizado tenha sempre preferência frente às noites de insônia após
palavras malignas. Ou aos vazios deixados pelos espaços em pleno domingo que bonito
virou cinzento. Que mesmo quando alguém querido dobre a esquina e o convívio se
torne improvável ou malquisto, haja força interior além para fazer permanecer
os bons votos. Os que pareciam sinceros, pelo menos. Mesmo que não
concretizados. Que não sobre dor. Nem possíveis “e se?”. Que não haja espaço
para possessividade com o que nunca foi nosso, mas já esteve tão real e vivo no
dia a dia que quase virou mesma carne. Que haja sabedoria para enxergar que
caminhos hão de ir e vir. Por curtos ou longos períodos. Mas não
necessariamente terão sempre que coincidir. E que tenha luz. Pra ver claramente
tudo isso, sentir vontade de pedir pra ficar e, ainda assim, dizer: “Tá vendo
aquele horizonte sonhado lá? Pode ser seu. Vai buscar”. Daqui, de longe, que
nós aprendamos a ver o outro brilhar e voar para além dos nossos olhos. Para além
da vontade de puxar pra perto e segurar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário